"Não quero incomodar"

Há dias vi um post semelhante no Instagram da Bia de Casa e fiquei a pensar nisso. Este hábito que tantas pessoas têm — o “não quero incomodar” — acaba por nos tornar cada vez mais solitários. Pensamos que estamos a ser educados, independentes, discretos… mas, na verdade, estamos muitas vezes a fechar portas.

Pedir ajuda não é um peso. Pelo contrário: faz com que a outra pessoa se sinta envolvida na nossa vida. Aproxima. Cria laços. Reforça relações que, de outra forma, ficariam apenas na superfície.

Estamos a remodelar uma divisão da nossa casa e tínhamos um móvel enorme que simplesmente não saía dali. A única solução era serrá-lo. Não tínhamos serrote, por isso decidi bater à porta do vizinho. Ele não só me emprestou o serrote como veio a nossa casa, cortou o móvel e ainda o tirou dali para fora.

Quando lhe agradeci, respondeu-me:
“Hoje é a menina, qualquer dia sou eu que preciso. Às vezes os vizinhos são mais importantes do que a família.”

No dia seguinte, fui lá levar-lhe um bolo — não por obrigação, mas por genuína gratidão.

Talvez devêssemos incomodar mais. Não no sentido negativo, claro, mas no sentido bonito de permitir que os outros façam parte da nossa vida. Porque, afinal, ninguém está aqui para viver tudo sozinho.